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Primeiro post do blog

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O Julgamento do Saquê

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Quente demais lá fora. Não tão quente quanto poderia ficar. São Pedro e seus caprichos metereológicos encontravam-se de razoável humor. Mais uma vez optei pelo tradicional transporte subterrâneo e lá fui eu pelas escadarias do metrô. Chega o trem daqueles novinhos comprados na última licitação super-faturada do governo. Pelo menos não economizaram no ar-condicionado. Como eu adoro este novo tipo de vagão. Posiciono-me bem abaixo da saída de vento. Meus colegas de transporte podem, neste momento, vislumbrar um breve e verdadeiro sorriso esboçando em minha face. “Calor demais essa hora da manhã, este metrô é uma porcaria mesmo”. Espanto-me com a agressão ao maquinário que ainda há pouco proporcionou oposta felicidade ao meu presente. Vejo um novo-adulto tentando mascarar seu excesso de juventude através um terno marrom e com cara de ser demasiadamente quente. Muito quente, especialmente para um dia como aquele. Abro o livro que estou lendo em uma página qualquer. “Quando bebemos um bom s

Como te vejo

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O bom humor acordou. Está certo que estava um pouco de mau humor. Acordou fazendo bico. O bom humor, apesar do artigo “o”, deve ser uma entidade puramente feminina, injustiçada pela nossa gramática. Quando ela, o bom humor, resolve se fazer presente no nosso mundo material, incorpora-se nos lábios de uma menina e traz o sorriso mais bonito que já vi. Às vezes, um sorriso misturado com o bico de mau-humor. Acontece. Aparece. Muda com o andar da vida. Uma eterna peleja entre o bom e mau humor. Todos disputando uma sesmaria de seus lábios. Mas há sempre um momento em que os músculos relaxam cansados de sua posição de êxtase. Aí o bico, eternamente na espreita de um momento oportuno, domina. Esmaece o bom humor com um pouco de seu antagonista. Sabe que, algumas vezes, até esse bico fica cômico? Talvez a beleza esteja nos olhos de quem a vê. Há dias que nem o mau humor é suficiente para tirar o bom humor das coisas. Não tem problema. Logo o sorriso volta a brotar fertilizado pela alegria e,

Melhor fica calado

Adoro estes vagões sanfonados. Nem sei se é este o nome quando parece que o metrô tem um só vagão ao invés de seis composições. Mas é assim que meu sobrinho de oito anos chama e crianças costumam ver a essência das coisas. Raramente viajo neste tipo de trem, porém, quando viajo, faço questão de colocar uma perna em cada vagão. Fico ali no meio, entre as composições mesmo. As vezes sou surpreendido com uma curva, o pé direito vai para um lado, o esquerdo, obediente e devoto a inércia,  vai para outro lado, passo um susto e abro um sorriso. Tudo bem, não é bem um susto visto que já esperava por algo assim. Porem divirto-me do mesmo jeito. Enfim, lá estava eu no meu surfe sanfonado, curtindo as ondas no tubo do transporte subterrâneo quando entrou esta senhora em um dos meus dois vagões.  Resolveu ficar bem ao meu lado. Tirou seu celular de uma bolsa puxada para sacola e sacou a arma de destruição em massa que mais tem aniquilado cérebros humanos: um celular metido a computador. Estava en

Sou eu, o sono

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Oi Lucas,   Sou eu quem te escreve, o sono. Faz tempo que procuro a melhor forma de conversar com você mas ele, o danado do tempo, foi passando e preferi te escrever. Percebi o quanto tens reclamado de mim e o quanto seus amigos dizem que está com “cara de sono”. Vamos esclarecer logo algo: eu não tenho cara nem face. Sou uma manifestação extra material. A única dimensão compartilhada entre eu e você é o tempo mesmo. Nem tentarei explicar as demais dimensões que vivo, dificilmente entenderias. Uma amiga nossa em comum, a saudade, até vive no seu plano cartesiano trivial, afinal, vejo que sentes saudades de lugares. Mas não eu, eu vivo sem face e posição. Vivo transitando entre mundos etéreos e inimagináveis. Logo, no máximo, seus amigos podem falar que tens “cara de Gabriel”, seu irmão gêmeo. Enfim, sem mais arrodeio, o principal objetivo desta carta é te pedir desculpas. Então, desculpe-me. Minha intenção sempre foi muito boa com você. Mas ultimamente tenho estado muito apegado a ti.

Parece com o quê?

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E quando ele ri, parece o Pateta, no sentido engraçado e fofinho da coisa (Iac). E quando fala, parece o Confúcio, no sentido sábio e paciente também da coisa. E quando explica parece Einstein, no sentido e direção inteligente da coisa. E todos os filósofos tem ciúmes ou inveja dele, menos os que ainda não nasceram. E só por isso, porque não nasceram ainda. Mas quando dá um abraço, parece Gigi, o ursinho de pelúcia que deu para meu sobrinho quando ele nasceu. Mas quando dá um cafuné é igualzinho a vovó, a melhor cafuneseira do mundo. E quando liga, parece um bombeiro que chega sempre na hora certa para apagar algum incêndio. Porque, um certo dia, ele me ligou, deu “oi”, falou “Não deixe que ninguém te faça triste, viu?” e desligou o telefone. Quando desliga, parece um bom pensamento, porque sempre fica mais um pouco. Quando come, parece minha sobrinha, no sentido que se mela todo quando pega o caranguejo com a mão. Porque foi assim, também, que me ensinou a comer caranguejo. E poderia

Por ser uma Carta

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“Estes dias em Brasília foram ótimos. A esta altura já contei tudo a vocês via mensagem de celular ou telefone mesmo”. Fiquei pensativa com esta frase escrita em minha pele. O que para a mão que empunhava a caneta é uma simples folha de papel, para mim, a humilde carta, significa um mundo de possibilidades. Já fui a forma mais rápida de comunicação do planeta. Perdia apenas para sinal de fumaça, despacho de macumba e intervenção divina. Hoje fui ultrapassada em matéria de celeridade. Mas o que falta em velocidade às cartas, sobra em surpresa. Sobra em consideração. Em capacidade de arrancar suspiros e sorrisos. Eu, a carta reinventei-me como um instrumento de surpresa. Ninguém espera receber. Enviar toma tempo. Ler? Todos já desacostumaram, mal devem saber abrir um envelope se ele não contiver um código de barras para pagamento ou um pedaço de plástico com promessas de crédito. Dentro de cada palavra escrita vai um traço do sentimento plantado pelo remetente durante o momento de escrev