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Mostrando postagens de julho, 2015

Por ser uma Carta

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“Estes dias em Brasília foram ótimos. A esta altura já contei tudo a vocês via mensagem de celular ou telefone mesmo”. Fiquei pensativa com esta frase escrita em minha pele. O que para a mão que empunhava a caneta é uma simples folha de papel, para mim, a humilde carta, significa um mundo de possibilidades. Já fui a forma mais rápida de comunicação do planeta. Perdia apenas para sinal de fumaça, despacho de macumba e intervenção divina. Hoje fui ultrapassada em matéria de celeridade. Mas o que falta em velocidade às cartas, sobra em surpresa. Sobra em consideração. Em capacidade de arrancar suspiros e sorrisos. Eu, a carta reinventei-me como um instrumento de surpresa. Ninguém espera receber. Enviar toma tempo. Ler? Todos já desacostumaram, mal devem saber abrir um envelope se ele não contiver um código de barras para pagamento ou um pedaço de plástico com promessas de crédito. Dentro de cada palavra escrita vai um traço do sentimento plantado pelo remetente durante o momento de escrev

De onde vem as flores?

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Abril já se fazia presente nos calendários de mesa quando duas amigas de certa data se encontraram em frente a um comércio qualquer de rua. Belas são as cidades onde amigas, mesmo que não tão intímas, recebem esta aleatória oportunidade de rápida e superficial confraternização ao longo do passeio público. Isto torna a vida tão mais fluida. Tão mais cheia de significado e profunda. Uma carregava um buquê de flores. A outra uma sacola de compras. As duas com roupa de academia. _Amiga! Por onde andas? A última vez que te vi era carnaval. Por sinal, estavas linda de odalisca! _Que nada! Você quem estava deslumbrante de mulher-maravilha. Mas, respondendo a sua pergunta... estou bem amiga... – suspirou a pseudo-odalisca. Interessante quanto a ausência de palavras pode transmitir quando percebido como estrada para os sentimentos. Chateada, emburrada, mal-humorada, decepcionada, rancorosa ou simplesmente triste? Podendo ser um suspiro de amor, felicidade, paixão ou até a mesma grande e bela sa

Meu Baobá

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  A todos os pedidos de desculpas não ditos. A todas a feridas abertas e não cicatrizadas. A todas as mentiras declaradas como verdade. A todos os momentos que gostaria de ter novamente.   A tudo isto, planto uma semente em meu Coração que, rapidamente, germina. Seu fruto é uma bela e frondosa árvore que cresce, cresce e cresce... Cresce até sua copa alcançar meu Espírito. E, como um belo baobá invertido pelos antigos Deuses Africanos, seus galhos criam raízes por lá também. Mas esta árvore espiritual é tão bela quanto venenosa e, sendo assim, danosa. Conecta emoções diferentes. O Coração é tempestivo. O Espírito é longevo. E, ao criar tantas raízes fortes acima e abaixo do seu tronco, pois esta é a natureza do Baobá, estabiliza, fixa tantas coisas. Estabiliza tanto terreno quanto fixa veneno. A todas estas sementes de veneno eu peço para não germinarem. E, caso germinem, que a beleza do meu Baobá espiritual não seja barreira perante a necessidade de derrubá-lo.    

Histórias Aleatórias

E o Sol resolveu nascer firme e forte hoje. Aproveitou que a Lua deu uma varrida na casa durante a noite e retirou todas as manchas brancas do chão deixando os azulejos anil lustrosos. A despeito de um azul nítido, o estranho do meu lado na parada de ônibus comentou que estava “céu de brigadeiro”. Fiquei na ignorância. Tentei, mas não vi flocos nem nada preto ou mesmo marrom borrando o tapete celestial. Enfim sua condução chegou e foi embora deixando-me com mais uma interrogação na vida. Sigo fielmente as leis universais e silenciosas da vida por isto pouco reclamo do destino. Por exemplo, sei que meu ônibus sempre demora, independente de qual estou esperando. Por isto, apenas me encosto em algum lugar a fim de ser abraçado por um pouco de sombra e fico a espiar o eterno caminhar do tempo. Espiando o povo mesmo. Melhor do que novela. “Babá machuca bebê, mãe é presa e pai está hospitalizado!”. Esta manchete, particularmente, chamou-me a atenção. Era a capa de um folhetim qualquer que o