Trânsito do Humor
Certa feita ocorreu que ele andava um pouco irritado. Apesar de sempre adorar viver em sociedade, tinha que admitir, às vezes a sociedade é um tanto quanto difícil e amarga para se gostar. Assim, seu humor subia e descia as ladeiras da cidade, às vezes virando em esquinas de problemas e angústias. Dependendo da vizinhança, “impossível” costumava ser a melhor descrição para a tentativa de estacionar, parar um pouco e esperar o turbilhão passar. Costumava enfrentar um trafégo. Mas sentia-se refém do tráfico de tempo. Ou da perda de tempo. Quando mais queria essa riqueza, o tempo, menos possuía. Desta forma, algumas terças foram virando segunda, depois foi a vez das quartas se transmutarem em típicas segundas. A coisa foi evoluindo, até que a própria segunda-feira virou ela mesma. E nada, ou melhor, tudo, o tirava do sério. Era comum passar logo. Porém, parecia que o sistema de escoamento do vil fluido negro que percorria as galerias de seu temperamento não estava mais dando conta do volu