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Mostrando postagens de abril, 2015

O que você esconde ai?

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Meu amor, o que você tem aí, escondido? Sempre era assim que minha Mãe me recebia quando eu realmente escondia algo. Uma vez, foi um passarinho com sua asa esquerda machucada. Fui eu o culpado. Mesmo criança, mesmo assim, não consegui deixá-lo. Havia jogado uma pedra nele por diversão. Talvez por maldade... Não, não... foi por ser criança mesmo. Assim, Odorico entrou para nossa Família. Verdade que, pouco tempo depois, ele fugiu quando a asa esquerda ficou boa. Talvez um pouco antes. Acho que ele já possuía sua própria família. Sua mãe deveria estar preocupada. A minha estaria. Filho lindo, o que você tem aí, escondido? Desta vez foi um boletim avermelhado, parecendo que estava machucado de tanto puxado para o vermelho. Fiquei com medo da bronca e resolvi esconder. Não queria enfrentar o olhar de desaprovação ou tristeza que já havia presenciado outra vez. Fiquei de castigo. Duas semanas fazendo a tarefa todos os dias, à tarde, com ela. Filho querido... E como tantas outras vezes ela s

Ponte Aérea

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Vou te dizer algo. Banheiro de rodoviária só não é pior do que banheiro de ônibus porque está parado. Somente quem se aventurou pelas rodoviárias deste país sabe do que estou falando. Mas não tinha jeito. Fui visitar meu irmão em Caruaru, e agora era encarar o fétido toalete fixo ou o equivalente do ônibus de volta. Poltrona 09. Acomodado, restava-me observar os demais companheiros desta curta viagem entrarem no ônibus. x _Ô, Gerusa! Boa viagem, mulher! Eita, licença aí, viu?! O marido da moça sentada da cadeira 25 entrou com ela para dar um beijo de despedida e agora precisava sair do veículo. Desnecessário dizer que ele precisou empurrar (ou “dar uma licencinha”) muita gente antes de sair. _Marieta e Matilde, se aguentem aí, que sua irmã Mariella quer durmir. – Esbravejava a mãe da 07. Suas filhas gêmeas brigavam ao lado da mais nova, pois as três ocupavam apenas duas cadeiras. Apesar da confusão, a história toda se mostrava muito divertida, especialmente porque viagem de ônibus cost

Sobre o que escrever

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No que tanto penso em escrever quando não vem nada à cabeça? Investigo todos no vagão à procura de um bom e fácil mote. Nada feito. A maioria está imersa em seus celulares, zumbis digitais. Alguns poucos conversam alto, porém palavras sem sentido para mim. Uma moça lê sua revista, mas a matéria não parece ser muito interessante. Pessoas sobem e descem em cada estação. Costuma haver interesses de dois grupos de pessoas em jogo neste momento: os que entram e os que saem. É assim a guerra na porta do vagão do metrô. Há uma menina bem bonita, com uma tatuagem que me parece de algum alfabeto do sul-asiático. Não só não sei, como nunca saberei. Outra mulher abriu um pacote de jujuba. Deu fome. Dois bêbados jogam uma espécie de porrinha no fundo do vagão. Não consegui entender a regra que usavam, mas se divertiram por quatorze estações. Alguém comenta perto de mim “eles incomodam, não é?”. “Que nada!”- respondeu um terceiro, “pior sou eu que estou peidando desde que embarquei e ninguém reclam